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Preparação, o segredo dos “sortudos”

Preparação, o segredo dos “sortudos”
Ricardo Ost
ago. 20 - 4 min de leitura
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Lembrar da minha infância não é algo muito natural e fácil para mim. Não sei como é para você, mas eu tenho grande parte dela em flashs e imagens embaraçadas, porém alguns momentos especiais não me saem da memória. Um deles é meu avô que infelizmente não está mais aqui a uns 20 e poucos anos e do qual sinto uma saudade infinita. Meu avô era um cara alto, forte e tinha o cabelo sempre penteado impecavelmente (e obviamente levava seu pente no bolso da camisa, como todos os outros senhores da sua idade). Lembro dele com uma clareza impecável, sentado na sua cadeira de palha, em um pátio de pedras brita em frente a casa deles, bem embaixo de uma gigantesca árvore de bergamota (sim, na minha cidade todos conhecem como bergamota, mas se para você é mexerica, não tem problema, é exatamente a mesma fruta que a maioria das pessoas adoram e não tem como comer escondido por causa do cheiro que solta logo ao começar a descascar).

Nesta época eu gostava demais de brincar, jogar, correr, subir nas árvores até ficar exausto, mas se tinha alguém que conseguia me “parar” um pouco era meu avô, sempre que me chamava para ficar ao seu lado escutando o rádio em alguma estação AM com músicas antigas. Certa vez, eu no “auge” dos meus 4 a 5 anos, quando estava saindo do jardim e iria para a pré-escola, meu avô me chamou embaixo para sentar ao seu lado na sombra do pé de bergamota e me explicou a importância de ser alguém estudioso e dedicado e que eu deveria dominar os números. Nesta época, ele era comerciante e tinha um pequeno açougue em frente ao extenso terreno que ele e minha avó tinham e possuía uma impressionante capacidade de fazer os cálculos e somas todas de cabeça. Assim, ele começou durante vários domingos de manhã, a me ensinar a tabuada, do 1 até o 9. Eu deveria saber de cor e salteado, de trás para frente, mas o mais importante, saber o porque do resultado e para o que servia. Meu avô insistiu para que eu soubesse isso antes das aulas começarem, pois assim estaria a frente e poderia aprender ainda mais coisas na escola.

Na época não ficou muito claro, mas a curiosidade e a vontade de aprender me levaram a realmente superar as expectativas do meu avô e rapidamente eu sabia a tabuada antes de entrar na pré-escola. Mas hoje, refletindo melhor sobre isso e sobre os desafios que enfrentamos no dia-a-dia dos negócios e das profissões, vejo o quanto esse ensinamento foi especial para mim e norteou muitas das ações que tomei nos anos que seguiram. Para nos diferenciar, precisamos realmente nos preparar de forma planejada e com dedicação, nos antecipar, pensar no que pode dar errado e o que fazer caso isto ocorra. É assim que empresários criam negócios de sucesso, palestrantes se tornam ícones, que grandes negociadores fecham acordos milionários e como profissionais são promovidos e alcançam os objetivos em suas carreiras. Quando você ver alguém que teve muita “sorte” e teve grandes conquistas, saiba que isso foi conquistado muito antes, e assim como uma plantação, primeiro é necessário preparar a terra, realizar o plantio, cuidar ao longo do desenvolvimento para só então colher os frutos. Por isso, não é sorte quando nos preparamos, mas sim a capacidade de enxergar oportunidades que a vida nos oferece e aproveitá-las da melhor forma possível. Com certeza meu avô sempre soube o mundo de oportunidades e a pessoa “sortuda” que eu me tornaria seguindo os passos que me ensinou.  


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